FALHA CATASTRÓFICA

Por Jose Roitberg.

Neste momento que escrevo, o Hamas já declarou ter disparado 5.000 mísseis contra Israel, certamente de uma geração mais moderna e precisa. O princípio de saturação de defesa antiaérea foi finalmente aplicado, após estudado por anos. É claro que iria funcionar. Cada Bateria do Domo de Ferro tem 20 mísseis para pronto uso, mesmo que houvessem 10 baterias espalhadas seriam 200 disparos e depois precisa recarregar, com caminhão e guincho. Demora e sempre foi o ponto fraco do sistema amplamente conhecido. Vou dar um exemplo. Lançam 14 mísseis precisos contra Ashdot e todos são derrubados. Aí o IDF faz o que? Fica com 6 para o próximo ataque ou inicia o processo de troca do pacote de mísseis. Mas não foram 14. Nas primeiras duas horas foram 2.000.

Eu esperava isto acontecer há anos. Parece que o governo está tão preocupado com a reforma judicial e demandas dos hareidim que desfocou do básico.

Construíram uma barreira intransponível na fronteira de Gaza rompida em pelo menos 5 pontos e o território de Israel invadido rapidamente pelo nível do solo. Fala-se que comandos usaram até ultra-leves.

Onde está o sistema de vigilância por câmeras do muro de Gaza? Onde estão as metralhadoras de controle remoto das torres do muro de Gaza?

Já sabemos que nem o IDF, nem a Polícia de Fronteira estavam do lado de cá do muro e parece que ninguém lá está disposto a explicar onde estavam as unidades que deveriam ficar na região. Não é o momento dizem.

A informação do Hamas funcionou. O plano deles certamente não prévia tamanha passividade e inação do IDF e IAF pelas primeiras duas horas.

Vc consegue imaginar um alerta militar tipo “muitas tropas do Hamas estão em nosso território, romperam o muro e a cerca em vários pontos”, e o IDF não decolar um esquadrão de Apaches para localizar e interditar com tiros os pontos de penetração? Os helicópteros servem apenas para ficar subindo e descendo pelo litoral em patrulha. Em minutos estariam lá. Mas foram duas horas de tropas do Hamas indo e vindo pelas brechas. E civis também. A foto dos civis junto e em cima de um Merkava diz tudo. É uma porra de um tanque invulnerável ao que o Hamas tem e foi ABANDONADO pela tripulação. Entregaram o tanque ao invés de atirar em todo mundo que se aproximasse. Gulat Shalit fez escola. Espero estar enganado e o IDF ter largado um tanque sem tripulação lá. Decisão que nem saberia como comentar.

E não é possível explicar a falta total de tropas combatendo o Hamas em Sderot (a 700 metros da Faixa de Gaza) e em outras cidades, meia hora, uma hora, duas horas após o início da ação militar.

A resposta padrão israelense foi dada bombardeando pontos-chave do Hamas em Gaza. E daí? Isso resolveu até hoje?

A visão e a notícia de civis israelenses abatidos a tiros por soldados, não terroristas do Hamas, em cidades e kibbutzim do entorno de Gaza, com seus grupos próprios de defesa tentando conte-los sem o IDF é algo atormentador, impensável, cenário considerado impossível em qualquer análise.

Mas a iniciativa é sempre do inimigo visando a surpresa.

Tudo indica a mim que os serviços de inteligência israelenses falharam, possivelmente só recarregados em identificar manifestantes. Enquanto o serviço de inteligência do Hamas brilhou.

Acumular soldados equipados através da terra de ninguém junto ao muro ou cerca de Gaza sem que qualquer dos sistemas de vigilância eletrônica, por satélite, ou seja o que for tenha percebido é bizarro e uma derrota brutal.

Não faz uma semana que o Hamas e outros grupos jihadistas declararam publicamente que iriam intensificar as ações contra Israel, devido à aproximação com os Sauditas. Qualquer mesa de comando teria por obrigação acreditar no inimigo quando diz que vai atacar.

Mas ainda está barato. É muito provável que ao Israel aumentar a intensidade do ataque contra Gaza e entrar por terra, o Hezbollah ataque pelo norte e nordeste. E não vão ser 5.000 mísseis no primeiro dia, mas talvez 10.000.

A tomada de reféns judeus israelenses, mulheres, crianças, idosos, pelo Hamas coloca o governo de Israel numa situação muito complicada. A guerra é contra um grupo que não vai exitar em executar reféns, mas também vai conservá-los por anos. Antes foi um. Hoje são dezenas (a confirmar). Antes um soldado, hoje soldados e civis. É um cenário inédito. Há anos o IDF alerta para o sequestro de cidadãos ser um objetivo do Hamas. Fizeram o que sempre se soube que iriam fazer.

A operação não foi apenas está. Os próximo passos devem estar planejados. Atrair as tropas de Israel para dentro da área urbana da Faixa de Gaza provavelmente é o plano e o IDF não pode cair nessa, pois será uma enorme armadilha preparada.

O governo atual deve cair devido às ausências nas primeiras horas. Mas não neste momento. Um governo de emergência deve ser formado ejetando os kahanistas imediatamente, pois a visão deles será a de matar todos em Gaza, como se fosse possível matar 1,5 milhões de pessoas. Muita gente boa é a favor desta solução, mas não vai acontecer.

Por outro lado se Bibi os mantiver junto, simplesmente os ignora e toma as decisões sozinho, o que também pode não ser ideal. Segurança nacional, polícia, finanças, interior é a parte civil numa guerra, mas não com estes ministros.

Para finalizar, lá atrás dizíamos que o quadro ideal para a política israelense era Israel ser atacado, pois uma guerra uniria as forças políticas. A guerra está aí. O Hamas não tem como ganhar. Israel não tem como perder. Guerra pela guerra, Jihad Permanente, como declarado pelo Hamas em dezembro de 2018, declaração esta que ninguém está disposto a acreditar.

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