Isaac Essoudry: O MARROQUINO CHACHAM DOS RETORNADOS EM RECIFE

 

 

Por Renato Athias.

Foi a minha a amiga e colega Tania Kaufman que me apresentou a Isaac Essoudry ainda nos finais do anos noventa, e depois eu acompanhei sua trajetória através de alunos do Programa de Pós Graduação em Antropologia que fizeram várias entrevistas sobre diversos assuntos do judaísmo para suas dissertações de mestrado vinculadas ao programa de Pós-graduação em Antropologia, todos eles ligados ao Grupo Interdisciplinar de Estudos do
Judaísmo, coordenado pela Profa. Tania, que estava vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Etnicidade (NEPE) que coordeno até hoje na Universidade Federal de Pernambuco.

Não se trata aqui de fazer uma biografia ou história de vida de nosso Chacham Isaac, de abençoada memória. Eu me propus com este texto [1] delinear alguns elementos de sua pedagogia, que eu tive o prazer de acompanhar de muito perto nesses últimos anos, e assim compreender seu pensamento sobre o judaísmo. Eu devo dizer que
Isaac foi, de fato, o meu mestre.

É com muito orgulho, que digo sempre, que grande parte do judaísmo que possuo, eu recebi através de seus ensinamentos. Durante a organização da celebração de seu aniversário de 80 anos, no Recife, eu iniciei uma longa entrevista com ele, buscando entender um pouco mais de sua trajetória de vida.

Sem dúvida,acumulei muitas páginas de anotações. Mas, foi somente em 2017, ano passado, que tive a oportunidade de conhecer duas irmãs de Isaac. A Célia, a sua irmã mais nova, que mora em uma cidadezinha perto de Toulouse, na França, e, Alegria, sua irmã mais velha que mora atualmente em Montreal.

Foi através dessas duas senhoras cultas, ambas artistas, uma professora de música, e, a outra, artista plástica, que com muita sensibilidade e emoção me relataram fatos sobre Isaac que eu desconhecia, e que pelo sabemos, de seu jeito de ser, ele jamais contaria, pois falava muito pouco de sua vidapara nós. Esses fatos me que fizeram admirá-lo ainda mais.

No Marrocos, a família Essoudry estava sempre muito unida. A figura paterna foi importante para todos. Samuel Essoudry, de abençoada memória, seu pai foi um grande
exemplo de vida. Certamente, pelo que sabemos foi seguido por todos os filhos. Max Essoudry Z”L, irmão de Isaac, foi rabino em Israel e em Montreal apoiando sempre as
atividades de Isaac no Recife. Célia e Alegria viam Isaac como uma pessoa dedicada a família, e que até a sua juventude esteve voltado para o estudo da Torá a exemplo de
Samuel, que exerceu uma enorme influência na trajetória de vida de Isaac.

Ele deixou a Yeshivá no Marrocos para ir à Israel, e lá no exército Israelense esteve presente nos conflitos do Suez em 1956, com 21 anos de idade. Alegria e Célia me falam, para a minha surpresa, que a língua materna, ou seja, a língua falada em casa, quando todos ainda estavam juntos no Marrocos, sempre foi o Djudéo-Espanyol por várias gerações.

Essa era língua falada entre os judeus em Sefarad, e, como sabemos, essa era a língua de muitos sábios, cujos livros nós lemos até hoje. Certamente esses e outros fatos farão parte de outros textos sobre Isaac, mas, interessa me aqui comentar sobre as bases de sua pedagogia, que sem dúvida faz, parte do que costumo de chamar de Judaísmo Marroquino.

 

 

Até 1958 cerca de 250 mil judeus deixaram o Marrocos. Foi quando a família Essoudry deixa o Marrocos. A diáspora do judaísmo marroquino é imensa, podemos encontrar grupos deles em muitos países do ocidente. Talvez a maior dessa diáspora, ou quem sabe, talvez a mais organizada, encontra-se na região Amazônica, no Brasil e no Peru, ao longo das margens do Rio Amazonas.

Uma diáspora que se iniciou ainda nos anos de 1810 de acordo com os principais historiadores como o General Ramiro Abraham Bentes e o Prof. Samuel Benchimol, de abençoadas memórias [2]. Isaac se junta a essa diáspora no final dos anos cinquenta, em Belém do Pará, quando a grande maioria dos Judeus do Marrocos já tinham deixado o país, para nunca mais voltarem.

Deixaram pra trás, além das suas lembranças e histórias de longínqua data os inúmeros imóveis e bens. Não foi difícil a sua adaptação em Belém, na realidade ele não se encontrava “desterritorializado”, tal como Deleuze & Guatari (1977) [3] vão discorrer e desenvolver esse conceito em sua obra sobre Kafka.

Na realidade, nem pela língua e muitos menos pela cultura, pois muitos falavam o Djudéo-Espanyol, pois em Belém a cultura marroquina estava sempre fortemente presente nas comunidades de judeus da capital e dos interiores no Pará e no Amazonas.

Em nossas conversas, eu descubro que ele conhecera meu avô Jacob Athias e ambos estiveram juntos durante as festas de Rosh Hashaná e Yom Kipur no início dos anos
sessenta, Issac, nunca foi bom em precisar as datas. Ele me disse que era sempre chamado para fazer o papel de Baal Koré durante as celebrações na sinagoga da Travessa
Campos Sales, em Belém pela qualidade de sua leitura da Torá e sobretudo pela sua voz, esses momentos foram testemunhados por Isaac Dahan, atual Shaliach Tsibur da Comunidade de Manaus, quando era ainda jovem iniciante na leitura da Torá, em Belém.

Quando o nosso Chachan completou 80 anos, Isaac Dahan enviou a seguinte mensagem:
“Lembro-me bem da passagem do Isaac Essoudry por Belém, eu ainda era novinho e já estava dando os primeiros passos para leitura da Torá e Chazanut. O papai, q.e.p.d. me colocava para ouvir a perashá dele (sempre foi um exímio Baal Korê), tudo na Esnoga
Eshel Avraham, da Campos Sales.

O pessoal se atrapalhava com o sobrenome dele e chamava Isaac “Sodré”. De certa forma, ele também participou no início da minha formação como Chazan, porém depois deixou Belém. Claro, a minha cópia e espelho foi o Leon Bengió (mejorado 120 anos), hoje morando em Israel. E, mejorado 120 anos também para o querido Essoudry, que fez de Recife sua morada, sedimentando um judaísmo idealista, onde a vontade de servir e manter as tradições sempre falou
mais forte.

Eu sempre o vi assim, felizes os membros da comunidade de Recife por contar com um judeu deste quilate dirigindo sua orientação religiosa”. (Trecho de e-mail enviado a Renato Athias em 25 de agosto de 2015). Isaac lia muito, e sempre comentava o que mais gostava de suas leituras conosco, com comentários diretos e certeiros. Em geral eram livros escritos em castelhano, francês, inglês, ou seja, as línguas que ele dominava além do português, mas escrevia pouco.

Ele gostava mesmo era de fazer traduções. Aliás esse é um elemento da pedagogia que ele usava. Não eram simplesmente traduções de palavras, eu diria que eram traduções culturais, pois com ele tinha viajado muito passado por muitos lugares, as traduções eram exemplos repletos de fatos interessantes.

Porém existe uma tradução que ele fez para o português, de um dos famosos livros do professor Jaime Barylko[4] judeu, filósofo e escritor argentino, cujo o texto foi bastante usado em suas aulas. Em julho de 2017, eu estava em Belém, e conversando com o Chazan Inácio Obadia, da Esnoga Eshel Abraham, ele me falou que Isaac logo que chegou do Marrocos, antes de se casar, morou na casa do avô dele, o estudioso rabino Levy Obadia, de abençoada memória.

Inácio lembra que seu avô e seu pai Eliezer Obadia Z”L, tinham longas conversas com Isaac. Nessa ocasião, Inácio me pediu para perguntar ao Isaac Essoudry o título de um livro sobre a Cabala que seu avô, o famoso cabalista Ribi Levy Obadia Z”L se referia muito, e que certamente Isaac lembraria o título de tal livro. Era um livro muito precioso para seu pai. Voltando ao Recife, na conversa que tive com o Isaac, ele lembrava muito bem desta época.

Relatou as suas discussões e o quanto aprendeu e assim foi me dizendo vários títulos de livros sobre os quais os dois debatiam. Um deles, o “Agadoth Shlomo Hamelech” era o mais discutido e que teria sido esse que fora enterrado junto com Ribi Levy Obadia Z”L.

“A memória do passado foi sempre um componente central da experiência judaica”, conforme assinala o grande historiador judeu Yosef Yerushalmi [5]. É exatamente com esse sentido que trago essas lembranças, quando temos a oportunidade de lembrar
a pedagogia e a espiritualidade de Isaac Essoudry.

Ele será sempre visto, por todos nós, que convivemos com ele, como “o Chacham dos Retornados”, daqueles judeus que fazem a “grande viagem da volta”, da Teshuvá como ele costumava dizer. Ele certamente foi o primeiro a abrir as portas na Sinagoga da Martins Junior e depois manteve essa sempre aberta na Sinagoga Beit Shmuel, para todos aqueles que desejavam retornar aos caminhos da Torá, como ele mesmo se expressava para nós.

O que Isaac pensava a respeito desse grupo de Bnei Anussim, significativo e importante na cidade do Recife?

Acredito, que ele depois de muito ler e refletir, e, sobretudo pela sua vivência em muitos lugares, deu a ele um amplo entendimento sobre essa questão dos Marranos. Ele teve a oportunidade de falar claramente, sobre essa questão em vários momentos: Na Knesset, em Israel em 2010, e, publicamente em seu discurso no Recife logo que recebeu o diploma de Honra ao Mérito por serviços prestados a comunidade, outorgado pela Universidade Federal Rural do Pernambuco, em 2014. Nessas ocasiões ele falou longamente sobre o seu pensamento.

Presenciamos inúmeros depoimentos de Isaac e existem, todos sabemos, muitos escritos sobre essa questão. Uma definição de Marrano, talvez a mais interessante a qual tive acesso, é aquela do Antropólogo Shmuel Trigano (1992) que o aponta com sendo o pioneiro da modernidade.

Ele diz o seguinte: “O Marrano é, por definição, um ator — um paradoxo — na história. Nisto, não é apenas o resíduo fossilizado de um mundo desaparecido no qual o novo mundo seria construído. O que é o marrano, aquele que está condenado a desaparecer estruturalmente e essencialmente, é compromete-se a sobreviver e graças a ele continuar em seu desaparecimento.

Assim, o judaísmo marrano é mais que o laboratório do homem moderno num estado-nação emergente: chamado de dupla identidade, novo cristão por fora e judeu por dentro.
O Marrano é cidadão no público, mas vive em dualidade no domínio privado. Assim, o mito
judeu da América é algo além de um testemunho enterrado no inconsciente. O Marrano é um dos primeiros pioneiros da modernidade (1992: 349) [6].

Mas, no campo do judaísmo, para Isaac o Marrano, que fazia a viagem da volta não precisa se “converter”, pois, sempre foi judeu.

Ele pensava de acordo com Yossef Obadia, Grão Rabino Sefaradita por muitos anos em Israel, basta o retorno sincero para a Torá, se apresentar documentado em um Beit Din e
passar pela Mikvé, recebendo assim uma Teudá de Retornado.A imagem que sempre vem a minha memória é aquela de Isaac sentado na cabeceira da grande e importante mesa da
Beit Shmuel, iniciando o estudo da Torá.

Sempre começando com a perashá hashavuá. Ele já havia lido e estudado durante a semana. Lia uma frase em hebraico e, em seguida fazia a tradução para o português diretamente. Era a sua tradução, a sua interpretação baseada em inúmeros comentários que ele havia lido.

Parava olhava para o grupo sentado ao redor da mesa e explicava a frase. Explicava com poucas palavras o essencial da Parashá, diretamente, sem rodeios como era seu estilo. Ora usando as interpretações apoiadas nos mestres comentaristas da Torá, como Rashi, Or Hachaim Hakadosh, Ba’al Ha- Turim entre outros, ora usando também a Guemátria, que usava de uma maneira brilhante, para dar uma interpretação a partir dos significados escondidos das palavras hebraicas.

Ele ia fundo nos termos das raízes das palavras do texto em hebraico. Explicando detalhadamente à sua maneira a sua compreensão da narrativa em questão. Em seguida, com o seu jeito, ele perguntava ao grupo que estava escutando se havia questões e aspectos que poderiam ser ainda comentados com outras palavras e outros textos. Essa era a maneira que ele havia aprendido ainda garoto no Marrocos.

Eu, pessoalmente denomino essa metodologia presente na pedagogia de Isaac, aliás bastante antiga na tradição judaica, e sempre presente nas Yeshivot de “A pedagogia dialógica”, na qual perguntas e respostas estão presentes ao mesmo tempo, e aí podia-se ir longe como se fosse uma bola de neve desenvolvendo argumentos e análises dentro do contexto da frase, no atual contexto histórico, ou seja, do mundo e a sua vinculação com a narrativa da perashá. Esta pedagogia está presente também no texto Talmúdico, pode ser até visualizada nas páginas impressas onde aparece os nomes de inúmeras pessoas que comentaram determinado texto da Torá ou de uma questão temática.

É a construção de um saber moldado através de uma uma pedagogia dialógica, ou seja, no sentido profundo da pergunta e nas respostas baseadas em diversas interpretações. Esse diálogo promovia o conhecimento na contemporaneidade seria como estivéssemos escrevendo hoje uma nova página do Talmude.

Qual era a base dessa fórmula na pedagogia, no jeito de Isaac ensinar?

O que ele possuía de especial que as pessoas o procurarem sempre?

De um lado eu percebia a sua grande abertura para com outro, e de outro lado a sua maneira firme, sem rodeios, tanto no falar quanto no perguntar. Recentemente, eu tenho me debruçado a entender um pouco mais sobre um dos sábios de Salé, Marrocos, cidade onde nasceu meu avô Jacob Athias Z”L e vários outros conterrâneos que conheço que vivem na Amazônia, nessa grande diáspora do judaísmo marroquino.

Este sábio é conhecido no mundo como Or Hachayim Hakadosh, o famoso Ribi Haim Ben Attar, de iluminada memória, que aliás me foi introduzido por Isaac em nossas conversas. Eu, lendo sobre a vida desse sábio, vejo elementos para refletir sobre o jeito de Isaac, a sua maneira de ler, interpretar e falar dos caminhos da Torá.

O que existe em comum com esses dois sábios?

Seria talvez, o fato deles aceitarem de serem de fato, o “intermediário” de unir o Criador à Shechiná. Não seria a tarefa de um simples tradutor. É na realidade fazer uma intermediação. Isso, os místicos do judaísmo, Simon Bar Yochai, entre outros, por exemplo chamam de “Unificar o Criador” da unidade do povo de Israel, proveniente da essência da Neshamá.

Cada ato, cada cumprimento de uma Mitzvá, em um tempo e em um espaço, provoca um fragmento desta unidade, nos dizia Isaac. Isso seria, de fato, proclamar a unidade do “lugar” com a presença do Criador. Isaac sabia fazer isso. Presenciamos muitas vezes, ele conhecia profundamente o seu principal guia: as palavras da Torá.

Para ele o acendimento das velas de Shabat em seguida a recitação do Shir Hashirim no início do Shabat, a tefilá de Cabalat Shabat, o kidush de shabat, a Shaharit, a leitura da
Perashat Hashavuá, em seguida até a Havdalá, na saída do Shabat Isaac se transforma, é, na realidade, a sua Neshamá Ieterá comandando todos os seus movimentos no Shabat, para fazer essa unidade com o Criador.

Evidentemente, isso na realidade, são os princípios cabalísticos presentes, ou seja, a “recepção” na sua mais profunda pureza. Cabala é uma única palavra, que na realidade expressa na concretude do momento e do lugar, um duplo movimento aquele do Criador inclinando-se em direção das pessoas, e, as pessoas, a criação unindo-se ao Criador. No espírito da cabala, o Criador, a Criatura e o Mundo estão intimamente ligados
com esse movimento.

Este gesto, esse movimento apenas uma palavra pode resumir tudo: o Amor. O espírito da cabala se recriando. Isaac dizia que a Cabala estava presente desde o ato mesmo da criação, mas que só foi revelada no Sinai, o lugar onde aconteceu a unificação do criador com a criatura e de onde vem a Shechiná que falamos hoje.

Moisés, apenas introduziu na história de Israel. Portanto eu diria que procurar manter essa shechiná no Shabat, era de fato a fórmula, o jeito de Isaac.

O espírito da cabala, nos dizia o nosso Chacham Isaac, inspirado nos místicos do judaísmo, é, na realidade, a compreensão plena da Torá pelo Amor do Criador. Ou seja, sua presença está no interior da Torá, a sua neshamá. A Torá, Luz que ilumina tudo. As fontes, os córregos, os rios e os mares, se espalhando em todas as direções. “Qu em pode revelar os mistérios que tu escondes?” (Zohar III, 166b.).

Sim! Realmente Isaac Essoudry foi e, sempre, será visto como o “Chachan dos Retornados”, mas na realidade, parafraseando outros autores, eu penso, sinceramente, que ele foi também o “Último Cabalista de Recife”.

[1] Texto inicialmente preparado
para o II Congresso de Estudos Antropologia da Religião, promovido pela Cátedra Anita
Novisnky da UFRPE, Recife.

Gostaria de agradecer a Caesar Sobreira pelo convite, ao Guilherme Zaikaner e a todos
os organizadores deste evento a oportunidade de poder falar um pouco mais sobre nosso Chacham Isaac Essoudry.

[2] RAMIRO ABRAHAM BENTES escreveu “Das Ruinas de Jerusalém à Verdejante Amazônia” em 1983 e o Prof. Samuel Benchimol publicou“Eretz Amazônia” cuja primeira edição impressa em 1998 e saiu uma outra edição em Hebraico em 2013.

[3] DELEUZE & GUATARI, Kafka: por uma literatura menor. Trad. Júlio Castañon Guimarães, Rio de Janeiro: Imago, 1977.

[4] Tradução do livro:“A Tora: Livro da Vida” de Jaime Barylko em 2000.

[5] YERUSHALMI, Y. H. Zakhor: história judaica e memória judaica. Rio de Janeiro: Imago Ed, 1992, p. 18.

[6] TRIGANO, S. publicado na revista L’HOMME, no.122 em 1992 pp.349

(*) Renato Athias é Doutor em Antropologia, do Departamento de Antropologia e Museologia.Professor no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco.

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