O BANDEIRANTE DOS DESCENDENTES DE BNEI ANUSSIM

A Historia recente com o movimento dos descendentes de bnei anussim  no Brasil começou com Augusto da Rocha também conhecido com o nome judaico de Augusto Bentsur, nascido em Belo Horizonte no dia 12 fevereiro de 1944, descendente de judeus portugueses e italianos de Roma.

Sua Infância e adolescência foram entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Seu pai era joalheiro em Belo Horizonte sendo o primeiro de 2 irmãos.

Em 1965 mudou-se para os Estados Unidos para cursar inglês e Engenharia Mecânica na Califórnia, época que iniciava a guerra no Vietnam, tendo sido convocado para lutar pelo exercito americano. 

Serviu 2 anos na USA Army sendo que em 1 ano ficou dividido entre o campo de batalha e a polícia no patrulhamento de comboios. Recebeu algumas medalhas pelo bom desempenho no serviço militar.

De volta aos Estados Unidos, recebeu por merecimento a cidadania americana da qual muito se orgulhava. Teve 4 filhos, sendo 2 nascidos no Estados Unidos e 2 brasileiros que também receberam a cidadania americana. Era também piloto de aeronaves civil.

Pelo fato de ter servido ao país, tanto ele, esposa e filhos tiveram todos os privilégios nos estudos e saúde. Voltou ao Brasil, onde moraram mais alguns anos, mas sempre pensando na sua segunda casa para onde retornou alguns anos depois com toda a família. 

Voltou em definitivo para Miami e se uniu aos compatriotas judeus nas sinagogas locais.

Nos últimos anos fazia parte do Templo Moses em Miami Beach, onde frequentava sem faltar um dia nos serviços religiosos, tanto pela manha quanto a tarde, pois era voluntario como segurança dessa mesma sinagoga. Era muito querido pela família e amigos e se relacionava muito bem com os jovens procurando sempre ajudar e orientar a quem o procurava.

Nas idas e vindas ao Brasil, principalmente em Ilhéus e Eunápolis no Sul da Bahia, conheceu um grupo de pessoas que buscavam suas origens judaicas através da descendência histórica dos descendentes de bnei anussim.

Lembravam-se dos seus antepassados, dos costumes e tradições e se reconheciam como judeus.

Então, como visionário desta historia e no resgate dos descendentes dos bnei anussim, Augusto se propôs a ajudar através do ensino, compartilhando conhecimento com tradições judaicas e também conseguia doações de kipah, sidur, tefelin, etc..; levando inicialmente tudo para Bahia

No ano de 2009, no período de 20 de agosto a 1° de setembro em Porto Seguro, Sul da Bahia,  Augusto conseguiu com ajuda de um rabino americano Abraham De Leon Cohen  o retorno de 61 pessoas que foi o pontapé inicial deste grande visionário que entendeu todo este processo histórico como uma grande causa para o povo judeu.

Augusto se juntou com Nelson Menda, Rabino Abraham De Leon Cohen e Jonathan Benayon  e  fundaram a Abarbanel Fundation em Miami, cujo principal objetivo era trabalhar com os descendentes de bnei anussim no resgate de sua ancestralidade, ensino, educação religiosa para o retorno ao povo judeu, fato este, que teve apoio importante no Rio de Janeiro em 2011 com a Congregação Judaica Pneior com o inicio da primeira conversão realizada por uma sinagoga oficial da comunidade organizada. Mas isto é outro capitulo desta historia.

Augusto mantinha contatos semanais com as lideranças dos judeus da nação, os novos “judeus emergentes”, que estavam trabalhando para a formação de sua identidade e com isto, com apoio de muitos outros judeus sefardi da comunidade organizada do Rio de Janeiro, acompanhou a chegada dos novos judeus com as visitas ao Brasil do rabino americano Abraham De Leon Cohen em 2014, 2016 e 2018, fechando assim o ciclo deste trabalho que se iniciou em 2009.

Apoiou em 2016 a fundação da Sinagoga Shaarei Shalom em São João de Meriti no Rio de Janeiro, com diversas doações importantes que enviava através de portadores ou pelos correios, para o inicio desta nova comunidade através das lideranças dos judeus da nação.

Sua participação era incansável mesmo em Miami, incentivando  o movimento dos descendentes do bnei anussim  através do crescimento cada vez maior de pessoas que estavam buscando sua ancestralidade judaica. Isto ainda era sua grande preocupação e ao mesmo tempo o grande orgulho por ter sido um bandeirante em busca de abrir novos caminhos para o reconhecimento dos judeus emergentes.

Mesmo vitima de uma doença que o obrigava a três vezes por semana se internar, mantinha seu contato com nossas comunidades e nos últimos dias de sua partida para o mundo vindouro teve a preocupação de eleger seu sucessor Jonathan Benayon como representante legitimo dos judeus da nação em Miami.

Agradecemos imensamente o que o nosso querido irmão e amigo Augusto Bentsur fez sempre com discrição, dignidade, inteligência e amor a nossa causa e também por sua esposa e família que sempre apoiaram suas iniciativas em ajudar os novos “judeus da nação”.

Muito Obrigado!

Sergio Sobreira

Presidente da Confederação Judaica do Brasil

Vice Presidente da Congregação Judaica da Pneior

4 comentários em “O BANDEIRANTE DOS DESCENDENTES DE BNEI ANUSSIM”

  1. Fatima da Rocha (Bentsur)

    Muito emocionada agradeço por mais esse carinho, amizade e reconhecimento que o senhor teve para com Augusto.
    Muito obrigada pelo artigo.

  2. Tive o privilégio de conviver com o Augusto desde que cheguei a Miami, há dez anos. Sou testemunha de sua dedicação à causa Bnei Anussim e, com toda a certeza, do seu trabalho pioneiro ao realizar, não por acaso, em Porto Seguro, a primeira cerimônia de retorno dos judeus brasileiros à fé ancestral. Tinham decorridos cinco séculos desde a conversão forçada dos judeus em Portugal, mas o esforço de Augusto compensou, pois bastou sua iniciativa para a chama reacender. Como que por milagre, centenas de cripto-judeus brasileiros criaram coragem, saíram de suas tocas e se assumiram, pública e plenamente, como israelitas. Acompanhei de perto sua dedicação, juntamente com Fátima, sua incansável esposa, no trabalho voluntário que ambos realizaram no Templo Moses, a Sinagoga Sefaradi do Rito Ibérico de Miami Beach. Visitei-o no Hospital dos Veteranos de Miami, poucas horas antes do seu falecimento. Estava lúcido e, por uma especial felicidade, recebendo, naquele exato momento, a visita do Rabino Hadar, do Templo Moses, que tinha vindo prestar uma tocante homenagem, sob a forma de uma berahá e de tradicionais canções hebraicas entoadas por dois de seus filhos. Augusto cumpriu sua missão com extrema dedicação e competência. Que descanse em paz.

  3. Gratidão ao Criador por enviar este grande Irmão como também à Ele e sua Família por ter conduzido e reconhecido o retorno as minhas origens! Baruch HaShem ! Todah! Shalom!!

  4. Não somente o presidente da Shaarei Shalom sente a sua falta. Como velho soldado também de Infantaria, lembro das longas conversas que tive com o querido Augusto ben Tsur onde rememorávamos as nossas experiências da caserna. Certamente a dele foi muito mais emocionante que a minha.
    Fiquei feliz e emocionado ao ler esta singela porém justa homenagem a este tsadik dos tempos modernos. Com a certeza de que Hashem o tem em sua Infinita Glória e Suprema paz, é com emoção que agradeço ao presidente da CJ Brasil pelo reconhecimento do trabalho deste nosso querido e verdadeiro amigo dos judeus emergentes do Brasil.
    Ao nosso saudoso amigo, a minha continência “com atitude, gesto e duração”.

    Cel Marcelo Silva da Costa – Presidente da Sinagoga Shaarei Shalom

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