Você sabe qual é a maior crítica de meus irmãos judeus sobre sinagogas fundadas por Bnei Anussim ou as que os acolhem?

Dizem que estão cheias de ‘goyim’, cheias de católicos!!!

Nós, alguns dos judeus-velhos, temos a obrigação de educar a todos os judeus-velhos sobre o que são os judeus-novos e como é o processo deles de conversão ao judaísmo.

ORA PIPOCAS !!! A sinagoga de Bnei Anussim está ‘cheia’ de católicos e cristãos PORQUE ISSO FAZ PARTE DO PROCESSO DE CONVERSÃO DELES AO JUDAÍSMO.

A média de tempo de estudo para a conversão é de 2 anos, podendo ter alguns meses a menos ou a mais. Durante este tempo OS CATÓLICOS, CRISTÃOS E OUTROS VÃO SIM frequentar a sinagoga no shabat e nas festas.

Essa frequência faz parte OBRIGATÓRIA do processo de conversão.

OBS: Eu sei que o termo ‘goy’ traz imediatamente uma conotação negativa. Usei intencionalmente. Originalmente ‘goy’ nada tem a ver com visão negativa. Goy vem o ídishe e não do hebraico, com essa tradução CATÓLICA miserável: “gentio”. Mas Goi, em hebraico significava ‘nação’ e ESTÁ NA TORÁ, em Exodus 19:6: ממלכת כהנים וגוי קדוש (mamlekhet kohanim vegoi qadosh) – Um reino de sacerdotes e uma nação sagrada. O texto completo é “Vocês serão para mim, um reino de sacerdotes e uma nação sagrada”. Trecho utilizado pela ultra-ortodoxia para afirmar a crença dela de que só deveríamos nos dedicar ao estudo da Torá.

Aproveitando: Gentio, vem do inglês, gentile criado na tradução da Bíblia King James (1611) pelos britânicos. Eles utilizaram o termo francês ‘gentil’, que se referia a pessoa de outra tribo ou outro clã, que não o seu. Os britânicos adotaram o ‘gentile’ nas traduções de ‘goi’, ‘nohkri’ e do termo ‘éthne’ da Septuagina em grego.

RABINOS ESTRANGEIROS IGNORAM A QUESTÃO

Em entrevista que Ronaldo Gomlevsky fez com Sergio Sobreira, o entrevistado foi claro num ponto que todos nós sabemos de cor. Não se ensina sobre Inquisição e Expulsão dos Judeus da Península Ibérica nem nas escolas judaicas (em profundidade) e muito menos nas públicas ou católicas. Assim os judeus de origem sefaradita na América Latina imaginam serem originários do Marrocos ou da Turquia, não compreendendo onde suas famílias estavam antes disto: Espanha, Portugal e Estados Germânicos.

E se um rabino brasileiro judeu pouco irá saber sobre a Inquisição, sobre cristãos-velhos e cristãos-novos, sobre cripto-judaísmo, o que se pode esperar de rabinos nascidos e criados nos Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, Iraque, Síria e Israel?

Eles simplesmente desconhecem a questão do início ao fim. Desconhecem Visigodos, Califado de Córdoba, Reis Católicos e um processo contra os judeus que só terminou em 1821.

O ano de 2019 precisamos tornar um ano marcante para elucidar OS JUDEUS sobre seu passado, o nosso passado, passado a limpo e as claras. Sem educarmos nos velhos irmãos, não iremos formar a consciência da acolhida aos nossos novos irmãos.

OBS: obviamente não existe judeu-velho e judeu-novo. Usei este termo para criar algo mais simples de entender. Sequer existe, na halachá, o termo judeu-convertido, pois após aprovada a conversão a pessoa torna-se judia como qualquer outra. Assim é preciso assumir uma certa liberdade gramatical, incondizente com a realidade religiosa para abordar o assunto.

Por José Roitberg

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