NOTA DE REPÚDIO

É com enorme desprazer que os integrantes da CJBRASIL expressam a indignação contra a postura do Exmo. Sr Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, pelas suas manifestações antissemitas, ainda que se tente travesti-las de “trapalhadas”.

Esta Instituição tem evitado todas e quaisquer manifestações político-partidárias para dirimir o esgarçamento do ambiente social. Entendemos que é nosso dever não contribuir para surgimento de mais fraturas, mas buscar a união de todos em torno de objetivos comuns, independentemente do posicionamento ideológico e partidário de cada um dos membros.

Entretanto, dentro do princípio da não-agressão, acolhido pelo Direito Internacional, todos que são atacados tem a obrigação e o dever de retaliarem e de se protegerem de futuros ataques. Quando atacaram, sequestraram, mataram, estupraram cidadãos israelenses e turistas, o Hamas atraiu para si as consequências de suas decisões tomadas de forma consciente.

A irresponsabilidade e a zombaria do Senhor Presidente da República cruzou a fronteira do bom senso mínimo, ao agir com a clara intenção de “causar” e criar factoides dentro de sua bolha partidária com claros fins eleitorais, tomou atitudes que já não podem ser mais consideradas desastradas. Sua agressividade aberta contra o Estado de Israel, que é um país amigo do Brasil, o aproxima perigosamente da tipificação prevista no Inciso 3 do Art 5º da Lei n º 1.079, de 10 de abril de 1950.(1)

Por outro lado, ele escarneceu todos os judeus nacionais, sendo que uma parte foram seus eleitores, ferindo onde mais nos dói.

Em um País livre como o Brasil, é compreensível e esperado que membros de nossa comunidade assumam posições políticas ou ideológicas em todo campos, fazendo valer a máxima: “dois judeus, três opiniões conflitantes”. Porém, já passou da hora de todos nós, religiosos ou seculares, ortodoxos ou reformistas, nos posicionarmos de forma aberta e unificada contra todo antissemita, em cargo público ou não, declarado ou não, que não consegue esconder seus desejos impublicáveis. Tudo isso deve ser feito acima dos interesses pessoais ou simpatias políticas.

Aos nossos irmãos judeus, que movidos pelo sincero entendimento de que se deve aderir às pautas políticas e ideológicas adotadas por este senhor, convidamos a pensar seriamente em buscar outros representantes dentro do espectro ideológico de suas preferências que não flertem com o caudilhismo típico do Seculo XIX e com o antissemitismo.

Dentro do mesmo princípio de liberdade de expressão, é justo e natural expressar eventuais críticas e discordâncias da política externa do Estado de Israel. Contudo, uma coisa muito distinta é acusá-lo de praticar genocídio quando cidadãos israelenses e turistas, não obstante a religião professada, foram traiçoeiramente atacados pelos diversos grupos terroristas que atuam em Gaza. E pior, acusar os sobreviventes que se reuniram e formaram um País sob o lema de “Nunca Mais!” de terem cometido o mesmo crime sofrido na II Guerra Mundial.

Se fosse atualmente, o profeta Elias estaria admoestando firmemente a comunidade judaica brasileira.(2) Se estivesse agora entre nós, certamente ele estaria nos advertindo severamente para “sairmos de cima do muro”, caso contrário, seriamos derrubados para o lado que os nossos inimigos escolheriam.

Basta! Agora é hora de unidade e de mudança.

Ao longo de nossa História, em todas as ocasiões que estivemos unidos, a despeito de toda dificuldade vivida, Hashem conteve seu relho contra nós e nos deu Sua misericórdia em abundância. A opção à unidade é o antissemitismo que antecede os pogroms.(3)

Autor: Marcelo Silva da Costa – Secretário CJBrasil

Chaliach da Congregação Judaica Shaarei Shalom

Referências Bibliográficas

(1) Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.  https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1079.htm

(2) I Reis 18:21

(3) LAITMAN, Michael. Jewish Choice: Unity or Anti-Semitism. 1ª Edição. EUA. Laitman Kabbalah Publishers, 2009.

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